quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Vitrine.

Não escrevo bem. Não sei o que é escrever bem. O que escrevo é a exposição dos sentimentos que me rasgam a procura de uma saída. Transformo-me em vitrine, exponho a falsa liberdade do que sinto, uma quase fuga, explosão de luz brilhante, que atrai, embeleza, e exagera. A fuga inexistente.
Transformo minhas tristezas, angústias, e medos em poesias, músicas, prosas, agradáveis de serem lidos. Uma tragédia enfeitada para parecer mais digna, o desastre belamente narrado e cuidadosamente mostrado, faz parecer o que poderia ser.
E de tão fascinada que sou pela beleza, apaixono-me por minhas mais profundas mágoas - mágoas que fiz jorrar mais sangue do que são compostas. E mostrando-me a sua textura, seu vermelho gritante (não pela cor, mas pelo seu desespero), brilhante, adorável, conquisto-me e carrego-me para dentro delas.
Mostro-me o lado belo (questiono-me se realmente existe) da tristeza. Delicio-me com confusões. A tristeza bela é meu alimento.
E ao apaixonar-me pelas lágrimas que me rolam no rosto ao ver um céu estrelado, faço com que sentimentos assim tão bonitos, fiquem guardados como jóias em uma caixa. Onde posso admirá-los, toca-los e segura-los junto a mim eternamente. Ou enquanto durar minha paixão.




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2 comentários:

Diogo disse...

Uma humana e singela descrição da produção literária

=)

Zepp Mage disse...

Bela metáfora! =D