terça-feira, 18 de dezembro de 2007

E-mails

Foi quando eu abri minha pasta de e-mails, pois ela avisava que duas pessoas haviam me enviado mensagens. Não era um dia muito tranqüilo, nem caloroso, chovia muito. Na esperança de duas mensagens compensarem as 24 horas confusas e frustrantes, eu me senti aliviada: lembraram-se de mim. Como uma pessoa seca de sede em um deserto, vazia de fome depois de dias sem comer, cliquei no link das mensagens para receber o meu consolo. Decepção. Eram apenas duas propagandas de coisas que de nada serviriam pra mim, nem naquele dia, nem nunca em minha vida. Silêncio. Só podia ouvir a maldita chuva que corria e batia na minha janela fechada. Sabe-se lá o que mais acontecia lá fora, não era isso que me importava, o caos que me corroia por dentro era mais intenso e me chamava mais a atenção. Só conseguia olhar pras propagandas e sentir meu coração se contorcer de raiva e decepção. Sentia a chuva pousar em meu rosto, simbolizado pelas lágrimas, a única reação externa que meu corpo poderia produzir. (Ou será que eram as gotas de água da chuva que expressavam o que havia em mim naquele momento?). Tão fria quanto a temperatura lá fora, eu sentia cada parte do meu corpo congelar e endurecer. E não havia nada, ou melhor, ninguém, que me aqueceria naquele momento. Dizem alguns que as pessoas escrevem sob pressão. A minha pressão naquele momento era a solidão e a decepção. O rancor unido com a tristeza que parecia não ter fim, davam um acabamento perfeito à minha melancolia, à minha explosão, violência, destruição, meu grito interno. Naquele momento eu não sabia quem era. Naquele momento eu queria arrasar até mesmo os sentimentos mais belos. Minha lista laranja picante de pessoas com as quais conversava via internet mostrava-me que não importava o número de interessados e interesseiros, falsos ou verdadeiros, eu sempre estaria sozinha. Com minha confusão e meu jeito nem sempre certo de agir. Sem uma ligação ou mensagem, sem palavras que me confortariam, ali paralizada desde o clique nas mensagens de e-mail, resolvi mover alguns dedos e,digitando, por em palavras o que havia dentro de mim.

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